Desde a antiguidade – quando ganhavam azeite – é comum que os campeões recebam ‘presentes’ das nações que representam. Na era moderna, o mais comum é dar um prêmio em dinheiro (mas nem sempre: os atletas britânicos, por exemplo, ganham um selo com seu rosto e uma caixa postal pintada de ouro em sua cidade natal). Nos EUA, o prêmio é de US$ 25 mil para cada medalha de ouro, US$ 15 mil para as de prata e US$ 5 mil para as de bronze. Isso significa que Phelps ganhou nada menos que meio milhão de dólares apenas como o ‘muito obrigado por vencer em nosso nome’.
Por uma característica quase que única, os atletas norte americanos também pagam imposto de renda sobre esses prêmios. Ou sejam, o governo dá com uma mão e tira com a outra. Isso porque os prêmios não são isentos e porque os EUA (como Eriteia e Filipinas) cobram imposto por renda gerada por seus nacionais fora de seu território.
Como atletas de elite como Phelps estão no topo de seus esportes, é comum que tenham rendimentos altos por conta de patrocínio. Logo, normalmente pagam 35% de imposto de renda (alíquota máxima de IR nos EUA). 35% de meio milhão de dólares são US$ 175 mil em imposto de renda só por ter ganho.
Mas as medalhas em si também têm valor econômico porque contêm metais preciosos.
As medalhas de ouro nos jogos de 2012 pesam 400 gramas, dos quais 364g são prata, 30g são cobre e apenas 6g são de fato ouro. Ao preço corrente, os metais valem cerca de US$ 625. As medalhas de prata são feitas de 372g de prata e 28g de cobre, o que dá um valor de US$ 330. Já as pobres medalhas de bronze, são feitas de quase só de cobre e pequenas quantidades de zinco e estanho. Valem algo como US$ 4,70.
Bem, esses metais também devem pagar imposto. Na alíquota de 35%, cada medalha de ouro paga US$ 236 de imposto. As de prata pagam US$ 116 e as de bronze US$ 1,65 (os valores dos metais variam diariamente por isso esses números são aproximados).
Isso quer dizer que Phelps teve de pagar algo como US$ 17,8 mil apenas por ter ganho as medalhas olímpicas. Somando os prêmios em dinheiro, desembolsou algo como US$ 180 mil em imposto de renda (R$ 365 mil).
Em teoria, qualquer país pode impor impostos sobre prêmios e metais preciosos recebidos por atletas. Mas o que faz os EUA quase únicos é que quase todos os países adotam o sistema territorial para determinar a tributação das rendas, ou seja, você paga o imposto de renda se a renda foi gerada no território daquele país ou se você tem residência naquele país (por exemplo, o governo inglês poderia cobrar imposto por prêmios pagos aos atletas estrangeiros que ganharem prêmios nas olimpíadas de Londres, se a lei inglesa não desse isenção a tais prêmios).
Mas, no caso dos EUA, os americanos pagam imposto de renda independente de onde a renda foi gerada. Ainda que a renda tenha sido gerada no Reino Unido (2012), China (2008) e Grécia (2004), ele paga imposto de renda americano.
É justamente por isso que Eduardo Severin, o brasileiro co-fundador do Facebook que tinha também a nacionalidade americana, renunciou sua nacionalidade americana e fixou residência em Cingapura. Agora, não sendo mais americano, ele só paga imposto de renda nos EUA se tiver residência nos EUA ou pelas rendas geradas nos EUA.
PS: Ser um ganhador de um prêmio Nobel norte americano é ainda 'pior' porque as medalhas são quase só de ouro (24 e 18 quilates).